Sempre acreditei que temos força nas palavras, que elas constroem ou destroem na medida que são disparadas, acredito que a palavra é uma bala na nossa mente. Ela vive no nosso pensamento, e aguarda apenas o momento em que o gatilho seja puxado. E quando isso acontece, quando ela é acionada pela nossa boca, não há como fazê-la retornar, e sejamos honestos, muitas vezes tentamos contornar o que foi dito.
Uma vez disparada, a palavra segue seu caminho(sem volta, aliás). Não importa se, no segundo seguinte, nos arrependemos. Não importa se estendemos as mãos desesperadamente, tentando capturar no ar aquilo que já se foi. A palavra já deixou nossos lábios, já encontrou seu destino.
E ao atingir seu alvo, ela explode.
E quando ela chega, se quebra em mil pedaços e se aloja na memória de quem a recebeu, seja isso um benéfico ou maléfico, ela encontra o destino. Algumas palavras são certeiras, não atravessam só os ouvidos, elas tocam na alma, e essa, sangra por toda a vida.
Nossa mente é um arsenal infinito. Nela guardamos munição de todos os tipos: palavras que curam e; palavras que destroem. Cada experiência vivida, cada dor sentida, cada alegria experimentada adiciona novas balas ao nosso estoque, somos o “Rambo” da vida real. ( Aos mais jovens, procurem pelo Rambo no YouTube.)
O perigo não está em possuir esse arsenal, na verdade, quanto maior, melhor. O perigo está em não saber controlá-lo. Em deixar que a raiva, o orgulho ou a impulsividade tenham controle sobre nosso disparo.
Porque a cabeça é o verdadeiro campo de batalha. É nela que travamos nossa guerra: a luta entre o impulso e a razão, entre a emoção e a prudência. É na mente que decidimos se vamos carregar a arma ou mantê-la em segurança. É no pensamento que escolhemos qual munição usar.
Controlar a cabeça é ser o capitão do próprio arsenal, é ter o poder para usar, mas ter o cuidado de não disparar quando não se deve. Não há desculpa que apague o tiro. "Eu estava nervoso", "não foi minha intenção", "estava fora de mim", podem soar até agradável, mas são tentativas de justificar o injustificável.
O atirador experiente sabe que cada disparo tem consequências. Sabe que as feridas causadas por suas balas podem cicatrizar na superfície, mas continuam doendo na alma. Sabe que um tiro mal calculado pode destruir relacionamentos, quebrar confianças, abalar estruturas que levaram anos para ser construídas.
Há momentos em que a maior demonstração de força é manter a arma guardada. O silêncio, muitas vezes, é mais poderoso que qualquer palavra. É a pausa antes do disparo, o momento de reflexão que pode salvar vidas e relacionamentos.
Quando você aprende a controlar a si mesmo, você usa as emoções ao seu favor. Você entende que nem toda provocação merece resposta, que nem toda ofensa exige revide, que somos seres humanos e por várias vezes perdemos as humanidade.
Quando você entende que as palavras também podem ser um instrumento de cura, que o que pode ser mortal também pode dar vida, tudo começa a fazer sentido.
Acredito tanto nisso, que criei um ebook, hoje lido por mais de duzentas pessoas, sobre hábito e mudança. Essa é minha estratégia de vida.
A escolha é nossa, a cada momento, a cada resposta, a cada reação. Podemos ser atiradores impulsivos, descontrolados, espalhando destruição por onde passamos. Ou podemos ser guardiões responsáveis do nosso arsenal, podemos construir pontes, ou demoli-las, a escolha é nossa.
Carregar essa consciência é um fardo pesado. Porque acordamos todos os dias sabendo que nossas palavras têm o poder de fazer ou desfazer, de elevar ou derrubar, de curar ou ferir, porque assumimos que somos responsáveis não apenas pelo que dizemos, mas pelo que escolhemos não dizer.
Porque, no último do nosso pensamento, somos todos atiradores e nossa arma está carregada por onde vamos, e cabe somente a cada um de nós agir em defesa ou ataque.
Espero que você seja livre.
Até mais.